Eu amo segunda-feira. Talvez por
ser organizada, eu gosto das coisas em ordem, começando do começo. Primeiro dia
útil da semana: dia de começar novos planos, dia de acertar.
Segunda-feira-pós-Páscoa, para aqueles que a veem como tempo de transformação e
renascimento, é ainda mais especial. Segunda-feira-pós-Páscoa-em-quarentena é
praticamente uma convocação para começar um projeto de refazimento de si mesmo.
Um renascimento para o que importa.
Todo esse processo tem sido como
um vendaval, levando tudo para longe, obrigando a entender que temos apenas
duas mãos e nelas só cabe o essencial. O que agarrar e ao que se agarrar se
misturaram nesse momento. Acabou o tempo de viver sem propósito, de levantar às
segundas sem saber o porquê. É tempo de perceber o que te sustenta, apoiar-se e
se reerguer.
Estamos vivendo a história e, por
isso, ainda não somos capazes de ver/entender todas as mudanças que esse
momento nos trará. Mas justamente porque estamos vivendo a história, não a
contaremos como um estudante, que leu sobre essa época nos livros de história.
Seremos contadores e prestadores de conta sobre a forma que contribuímos para
escrevê-la.
A inflexão da humanidade pode ter
sido a pausa necessária para a nossa reflexão. 'Ter' voltou ao centro das
discussões ressignificado e 'Ser' parece cansado e insuficiente. Como as duas
mãos que agarram, começamos a perceber que chegou o tempo de 'Ser em conjunto'.
Tudo mudou porque todos mudamos.
Apesar do isolamento, ou talvez por causa dele, quem eu sou nunca foi tão
vinculado ao outro. Ontem eu me buscava, hoje eu começo a entender que só há
espaço para mim onde cabemos todos nós. A cara do amanhã não deve ser a minha
ou a sua, precisa ser a nossa.
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