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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ainda quero ser dona-de-casa?


Três anos atrás escrevi um artigo, cujo o título era Quero ser dona-de-casa, para ser publicado num extinto blog de amigos, O Pequeno Burguês. Fiquei absolutamente surpresa quando vi o número de acessos, uma vez que o blog tinha como tema política e economia. Algo que naquele meio parecia tão "doméstico", afinal demonstrou-se interessante.

Algum tempo depois do blog sair do ar resolvi que era hora de iniciar o meu próprio blog e evitar que aquele texto deixasse de ser visto. Hoje, muito tempo depois, esse artigo ainda é o mais lido do meu blog e também o mais comentado, invariavelmente por mulheres que compartilham dos ideais defendidos no texto e que encontram, naquele pedacinho de linhas, um apoio às suas decisões.

Ontem, contudo, uma das leitoras, a qual encontrou meu blog ao pesquisar a frase "quero ser dona de casa", me perguntou se ainda penso do mesmo jeito e pediu que a respondesse. Diana, continuo pensando na mesma direção, mas com um olhar diferente.

Ao longo desses anos me questionei muito sobre casar e ter filhos e por algum tempo resolvi que essa idéia não cabia mais a mim. Filhos... fiquei com medo de tê-los quando percebi que a minha idade mudou muito, mas continuo me sentindo uma aprendiz da minha própria vida. Ao notar, entretanto, que amo o jeito como os meus pais erram tentando acertar, essas dúvidas ficaram pra trás.

No que se refere a ser dona-de-casa, estou no meio de um imbróglio. Adoro a cena em que eu tenho tempo para estar presente na vida dos meus filhos, educá-los e aproveitar cada momento. Gosto de cuidar daqueles que amo e não casaria sem amar, logo cuidar do meu marido também me faria feliz. Quem teve calafrios ao ler isso, por favor, supere a idéia de que cuidar de marido é se sujeitar. Aquela cena da mulher que passa o dia cozinhando e esperando o marido para lhe tirar os sapatos quando ele chega do trabalho já está mais que superada.

O que tem me colocado pra pensar é: eu não tenho estudado a minha vida inteira por ser aquilo que esperam de mim. Na infância talvez, mas em algum momento tomei o rumo da minha vida e estudar passou a ser uma decisão minha. Estudo pra conhecer, mas também pra realizar. Não quero imaginar que construir uma família signifique abrir mão de uma carreira, pois isso também é parte daquilo que sou.

Em Economia há um conceito chamado Custo de Produção, que significa que o custo de produzir alguma coisa não é somente os gastos que você terá, mas também os lucros que você eventualmente deixará de ter ao não produzir outro tipo de coisa. Deixar de trabalhar pra ser dona-de-casa ou não cuidar da minha família pra me dedicar exclusivamente ao trabalho são caminhos que me custariam caro o bastante pra eu decidir que nenhum dos dois é o suficiente pra mim.

Eu não sei exatamente o que nós mulheres aceitamos quando dizemos sim a um pedido de casamento ou quando decidimos nós mesmas o propor, mas tenho certeza de que essa resposta não é igual pra todas nós. Mesmo as que desejam ser donas-de-casa não o decidem, nem o serão, sob as mesmas condições.

Minha resposta mais honesta: minha única certeza hoje é que quero ser dona-do-meu-nariz.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Casamento Real


Muito antes da tão esperada data, para todos os lados em que se olhava de Londres era possível encontrar um souvenir com a imagem do casal, Kate e William. Nas duas semanas que antecederam o casamento, bastava abrir os jornais para descobrir se Kate Middleton emagreceu, onde ela apareceu , quais as surpresas que os dois estavam preparando para a cerimônia, gente importante que foi convidada, desconvidada ou estava indignada por não ter recebido o tão esperado convite.

Sempre tinha, é claro, quem dissesse que não se interessava pelo assunto, que tinha mais o que fazer ou que não via a hora de que tudo isso terminasse. Pros comerciantes foi um sucesso, deu uma acelerada na economia, que andava meio em marcha lenta. Mas quem comemorou mesmo fomos nós, mulheres. Ah, você pode não ser a favor da Monarquia, achar um absurdo tanto falatório por um casamento, mas assistir a uma plebéia casar-se com um Príncipe é como ver acontecer aqueles  livros e filmes que tanto nos emocionam e fazem torcer para ser também uma princesa. A verdade é que ela, diferente dos contos de fadas, não virou princesa, virou Duquesa, e agora não é só apertar o botão de "feliz para sempre", há uma longa jornada.

Os jornais não cansam, desde que o noivado foi anunciado, de comparar a Kate, agora Catherine Elizabeth Duquesa de Cambridge, com a Lady Diana. Afinal, ela era também uma plebéia com um príncipe e simplesmente partiu nosso coração o final dessa história. Dessa vez, no entanto, a esperança é grande, pois eles são namorados de muito tempo e ficam com os olhos brilhando ao olhar um para o outro. A cena mais bonita do casamento, por isso, na minha opinião, foi quando ele a elogiou assim que ela chegou ao altar. Foi natural, verdadeiro e fez daquele evento pomposo e lotado de gente, uma cerimônia íntima e aconchegante.

No mesmo dia do casamento, 29 de abril de 2011, por volta das 16:00h (Londres) o jornal London Evening Standard apresentava sua edição com a cobertura completa da cerimônia. Todos queriam o seu exemplar como mais uma lembrança e, porque não, como uma prova de que fez parte desse momento. Goste ou não de casamento, defenda ou não a Realeza, não há quem resista a admirar um amor de verdade e esse casamento é real por muito mais motivos que uma coroa.