Antes de iniciar o processo seletivo, eu digitei 'Como passar no Mestrado em Direito da USP' no Google e não encontrei nada que me explicasse detalhadamente cada fase do processo ou me desse dicas de como me preparar. Infelizmente eu não passei, mas como fui longe o bastante para entender o processo, usarei da minha crítica para identificar o que deu errado e evitar que você também chegue perdido e cometa os mesmos erros que eu.
A seleção do Mestrado em Direito da USP é composta pelas seguintes fases:
- Prova de língua estrangeira (inglês, italiano, francês ou alemão);
- Prova dissertativa;
- Escolha do Orientador e Apresentação de projeto de pesquisa;
- Entrevista e/ou prova (essa fase é facultativa ao orientador).
Prova de língua estrangeira:
As provas são feitas pela
FUVEST e basta que você acerte
70% da prova para seguir no processo seletivo. As provas passadas ficam disponíveis no site da instituição. Vale muito a pena responder as provas antigas, pois como a maioria das questões envolve interpretação de texto, a cada prova feita você amplia o seu vocabulário.
Outra coisa, saia de casa com bastante antecedência! Eu sei que essa máxima é um lugar comum, especialmente em São Paulo, mas nesse caso a minha recomendação é para uma preocupação extra.
A minha prova foi feita no Campus da USP próximo à estação do Butantã. Apesar do acesso ser fácil via metrô, da estação até o local da prova é muito distante. O Campus é imenso e pouco sinalizado. Se chegar com o horário apertado, fica de fora.
No dia da minha prova ainda aconteceu um movimento extra na região e acabei chegando 20 minutos atrasada. Já estava quase convencida de que não poderia fazer a prova, mas os fiscais foram incríveis ao entender todas essas dificuldades e esticar o horário em meia hora, permitindo que eu e outras vítimas do trânsito fizéssemos a prova.
O gabarito sai no fim do mesmo dia e como o critério é objetivo, você já vai pra prova dissertativa do dia seguinte sabendo o resultado.
Prova dissertativa:
Antes de fazer a prova eu não tinha ideia de como seria! O edital diz apenas os tópicos para estudo, mas não descreve com detalhes como será a prova dissertativa. Os meus amigos que haviam feito a seleção da USP já não lembravam como era e o Google, meu oráculo, não conseguiu conectar os meus comandos desesperados de 'como passar no mestrado em Direito da USP' e me dar uma resposta precisa.
Pois bem, o edital te dará 10 tópicos para cada área de concentração (Direito Público, Direito Internacional etc.). No dia da prova eles sortearão 1 dentre esses tópicos e você terá 4 páginas em branco pra fazer uma redação à respeito. Não há maiores direcionamentos.
Algumas áreas farão sugestão de bibliografia no edital, outras não. Eu fiz a prova de Direito Econômico e não fazia a menor ideia de por onde estudar os tópicos indicados. Foi apenas na véspera da prova que eu descobri que no site de Direito da USP há um espaço pras ementas das disciplinas de graduação e que na de
Direito Econômico (para a qual eu me apliquei) há vários tópicos iguais ao edital. E o melhor, a ementa contém sugestão bibliográfica, o que norteará os seus estudos.
Basta clicar na aba 'Graduação', depois em 'Catálogo de graduação' e escolher um dos catálogos. Aberto o catálogo, é só selecionar o Departamento da Área de Concentração que você deseja informações. No meu caso, eu cliquei em DEF (Departamento de Direito Econômico e Financeiro).
A prova foi realizada no Campus do Largo São Francisco, que fica bem próximo da estação de metrô da Sé (dá pra ir andando). Então dessa vez não houve tanta emoção na chegada. O que foi ótimo, porque a porta da sala foi fechada pontualmente no período indicado no Edital (15min antes da realização da prova).
Aqui também é necessário atingir pelo menos a nota 7 (de 0 a 10), contudo o resultado demora cerca de 2 meses.
Projeto de Pesquisa:
Primeiro e mais importante conselho de todos: não espere o resultado da prova dissertativa pra fazer o projeto, ou você virará noites e comprometerá a qualidade do seu trabalho, seja por impossibilidade de ler tudo o que você precisa, ou porque não terá tempo pra revisar o que escreveu. Eu cometi esse erro e fiz o meu projeto em 2 semanas.
Antes de começar a escrever o projeto, você deve escolher o seu orientador. Afinal, o ideal é que você leia tudo o que ele já produziu e cite no seu projeto. Isso não tem nada a ver com bajular ou massagear o ego do orientador. Essa postura, na verdade, tem o objetivo de deixar claro que você o escolheu porque conhece sua pesquisa e respeita sua opinião, e não há modo melhor de demonstrar isso que no seu projeto.
Segui um conselho de um grande amigo nessa parte:
pesquisei cada um dos orientadores disponíveis na Plataforma Lattes. Olhei suas publicações e, a partir disso, pude escolher alguém cuja linha de pesquisa se aproximava da minha.
Agora que você já escolheu o orientador é hora de colocar a mão na massa. Ou melhor, os dedos no teclado. Antes de escrever, contudo, vá novamente até o site de Direito da USP, que a essa altura já deve estar na sua barra de favoritos e aparecer como primeira opção no preenchimento automático do chrome.
Clique na opção 'Docentes', depois na área de concentração que você se inscreveu e em seguida no orientador para o qual você se aplicará. Do lado direito aparecerá o link 'Orientação'. Alguns professores não preenchem esse espaço, mas os que o fazem colocam tudo que desejam ver no projeto de pesquisa. É bem mais detalhado que o Edital e ajudará na hora de definir a estrutura do seu trabalho.
Agora que você já escolheu o orientador e sabe como precisa estruturar o seu projeto, é hora de começar a escrever. Além dos seus livros pessoais e das bibliotecas da sua cidade, você pode contar com o Google pra achar excelentes artigos científicos. É só ir na página inicial do
'Google', clicar em 'Mais', depois em 'Outros produtos do Google' e, por fim, em 'Google acadêmico'. A partir desse momento a sua busca será feita nos arquivos de artigos e publicações científicas do Google.
Boa sorte aos futuros aplicantes! Que vocês saibam responder pra ser aprovados; mas, principalmente, que saibam perguntar pra mudar o mundo. Que o conhecimento de vocês vá além das prateleiras nas bibliotecas e chegue a cada um de nós.