Quem nunca sonhou em conhecer um lugar, uma pessoa? Quem nunca se encheu de expectativas e caiu lá de cima quando as coisas não foram exatamente como nos sonhos?
Quando assisti O Fabuloso Destino de Amélie Poulain imaginei a minha Paris. A cidade me parecia romântica, viva, cheia de cores e coisas prontas para serem descobertas. Decidi fazer intercâmbio e escolhi Londres, mas era Paris quem me prometia a Europa.
Fim de semana passado finalmente desembarquei na Cidade Luz, para uma viagem que não cumpriria nem um quinto das suas promessas. Passei por momentos de terror e ao fim de três dias respirei de felicidade ao voltar para Londres.
Foram muitas informações erradas, muita gente que não sabia ou fingia não saber inglês e por isso nos deixava ainda mais perdidas. Fomos seguidas e, por fim, roubadas no nosso próprio hotel.
Muitos disseram que a gente deu bobeira, que mesmo sendo hotel e bom, tem sempre que trancar a mala com cadeado. Mas quando é que a gente faz isso? Quando é que a gente conhece alguém bonito, interessante, engraçado, que nos envolve completamente e lembra de trancar o cadeado, de manter um pé atrás, de não se jogar de cabeça e sonhar que aquele instante continue para sempre? Quando é que a gente lembra que expectativas são apenas expectativas e não um contrato com a realidade? E que crueldade as coisas acontecerem diferente.
Mas eis que a vida real segue seu curso, apesar dos nossos planos, e é preciso um pouco de esperança e fé para olhar a realidade não sonhada e aprender a partir dela. Aprender a amá-la ou aprender com ela o que será preciso para amar as experiências que virão.
Paris foi um desastre. Talvez apenas uma viagem a esquecer ou uma lição árdua e valiosa, como toda desilusão. Mas um dia eu volto, já despida das minhas expectativas. Como uma segunda chance a um amor que na hora de acontecer encontrou obstáculos, mas que nada impede de tornar-se o amor da minha vida.