É mesmo, mas não é fácil. Semana
que vem completamos um ano de casados e dois anos e meio morando juntos. Alguns
dirão que nesse começo tudo são flores, que o difícil mesmo vem depois: superar
as adversidades, sem perder o carinho e manter a chama do amor onde não haverá
mais novidade. A verdade é que eu tenho visto tantos casais separando no
primeiro ano de casamento, que me sinto à vontade para desfazer essa fantasia.
Assim como na vida, todos os anos de casado terão desafios próprios e você
estará mais qualificado e pronto para lidar com o desafio seguinte, quanto mais
se dedicar a viver com plenitude o momento presente.
Os primeiros anos de casado são,
de fato, muito divertidos. Nossos primeiros meses morando juntos eram uma
eterna celebração. Nunca tomei tanto vinho na vida! Acho que só a
segunda-feira, com suas promessas de uma vida mais saudável, era poupada. Todos
os outros dias acabavam no sofá, com uma garrafa aberta e conversas infinitas
sobre o dia. Havia uma vontade inesgotável de se conhecer ainda mais e uma
euforia por descobrir o quanto isso podia ser arrebatador.
Mas esse é também o período em
que se descobrem as rotinas do outro. Onde cada um aperta a pasta de dente, os
horários que prefere comer, ir ao banheiro e dormir. Onde se negocia a
temperatura do quarto, quem paga que conta e resolve qual problema. É o momento
em que seguimos nos construindo casal, ao tempo em que começamos a fundação de
uma parceria capaz de proteger o sentimento que nos levou até ali. E ela será
tão sólida quanto mais dispostos estivermos a ouvir, negociar e ceder. Só se
constrói em conjunto quando cada um deposita e abandona um pouco de si.
E tem a intimidade. A intimidade
da vida de casado tem muitas variáveis além do tempo. Ela começa aos poucos,
ensinando sobre dividir o mesmo espaço, e cresce ensinando a partilhar todo o
resto. A intimidade de um casal exige presença, pele e atenção. Mas a
intimidade também esconde armadilhas. Descobrir como fazer o outro feliz pode
te levar à falsa sensação de que isso é o bastante. O problema é que vocês
seguirão se fazendo e refazendo ao longo dos anos e a intimidade também
precisará se transformar. Há uma liberdade imensa em ser amado por aquilo que
se é, com tudo o que se é, mas ao longo da vida seremos muitos. A intimidade
precisa e estará sempre uma camada encoberta.
A verdade é que casar não é sobre
um dia, mas sobre todos os outros. Casamento não é a festa que se compartilha
com muitos, mas a casa que se divide com poucos. É sobre ser casulo muitas
vezes em uma única vida, é sobre desafios e também sobre aliança. É aquele
momento, no início de cada dia, em que você decide ser e fazer feliz. É uma
comunhão e é realmente ótimo!