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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Casem, é ótimo!


É mesmo, mas não é fácil. Semana que vem completamos um ano de casados e dois anos e meio morando juntos. Alguns dirão que nesse começo tudo são flores, que o difícil mesmo vem depois: superar as adversidades, sem perder o carinho e manter a chama do amor onde não haverá mais novidade. A verdade é que eu tenho visto tantos casais separando no primeiro ano de casamento, que me sinto à vontade para desfazer essa fantasia. Assim como na vida, todos os anos de casado terão desafios próprios e você estará mais qualificado e pronto para lidar com o desafio seguinte, quanto mais se dedicar a viver com plenitude o momento presente.

Os primeiros anos de casado são, de fato, muito divertidos. Nossos primeiros meses morando juntos eram uma eterna celebração. Nunca tomei tanto vinho na vida! Acho que só a segunda-feira, com suas promessas de uma vida mais saudável, era poupada. Todos os outros dias acabavam no sofá, com uma garrafa aberta e conversas infinitas sobre o dia. Havia uma vontade inesgotável de se conhecer ainda mais e uma euforia por descobrir o quanto isso podia ser arrebatador.

Mas esse é também o período em que se descobrem as rotinas do outro. Onde cada um aperta a pasta de dente, os horários que prefere comer, ir ao banheiro e dormir. Onde se negocia a temperatura do quarto, quem paga que conta e resolve qual problema. É o momento em que seguimos nos construindo casal, ao tempo em que começamos a fundação de uma parceria capaz de proteger o sentimento que nos levou até ali. E ela será tão sólida quanto mais dispostos estivermos a ouvir, negociar e ceder. Só se constrói em conjunto quando cada um deposita e abandona um pouco de si.

E tem a intimidade. A intimidade da vida de casado tem muitas variáveis além do tempo. Ela começa aos poucos, ensinando sobre dividir o mesmo espaço, e cresce ensinando a partilhar todo o resto. A intimidade de um casal exige presença, pele e atenção. Mas a intimidade também esconde armadilhas. Descobrir como fazer o outro feliz pode te levar à falsa sensação de que isso é o bastante. O problema é que vocês seguirão se fazendo e refazendo ao longo dos anos e a intimidade também precisará se transformar. Há uma liberdade imensa em ser amado por aquilo que se é, com tudo o que se é, mas ao longo da vida seremos muitos. A intimidade precisa e estará sempre uma camada encoberta.

A verdade é que casar não é sobre um dia, mas sobre todos os outros. Casamento não é a festa que se compartilha com muitos, mas a casa que se divide com poucos. É sobre ser casulo muitas vezes em uma única vida, é sobre desafios e também sobre aliança. É aquele momento, no início de cada dia, em que você decide ser e fazer feliz. É uma comunhão e é realmente ótimo!