É uma tarefa árdua a de lembrar constantemente que as escolhas mais difíceis dessa vida precisam ser tomadas por você mesmo. Que as expectativas dos outros devem ser apenas as expectativas dos outros, e não os seus caminhos. Que ser bem sucedido é 100% proporcional com a sua felicidade cotidiana, e não com as fotos que você posta nas redes sociais durante as suas férias.
Mas então nos obrigam a decidir por volta dos 18 anos de idade o que queremos ser profissionalmente. Nos impõem a celeridade de um sistema no auge das nossas dúvidas. Não que depois seja proibido mudar de ideia, mas é que o custo social de admitir que você talvez tenha errado intimida.
Quando se é criança é permitido sonhar com a sua profissão. Ninguém te julga se você diz que quando crescer vai querer ser malabarista ou vendedor de picolé. Não há censura porque se imagina que é passageiro. Deixa-se para o tempo a tarefa de moldar aquela criança ao que se espera dela. Mas então você cresce e a pressão começa. Ah, você quer estudar isso? E vai trabalhar onde? Vai viver de quê? Você acha que essa profissão vai manter o padrão de vida que você tem atualmente?
É difícil lutar pra trabalhar no que se quer, quando o que se almeja não é conservador. Se o seu sonho é ser engenheiro, levante as mãos pro céu e agradeça. Você encontrará apoio e tapinhas nas costas. Se o seu sonho é ser dançarino, força, amigo! Você terá que percorrer um caminho de pedras e com torcida organizada reduzida. No entanto, seja você conservador ou moderno na sua escolha, a sua paixão te ajudará a se manter no caminho. Difícil mesmo é quando nossos corações ainda não foram fisgados por um ofício, pois aí não há time contra, mas também não há time a favor, nem mesmo o nosso.
Esse fim de semana eu comemorei um ano da minha formatura em Direito e dói admitir, mas ainda não encontrei a minha paixão. Não amo advogar, nem sonho com algum concurso específico. Achei que consultoria fosse minha praia, mas desisti assim que pisei na areia. Não é que eu quisesse ter feito outro curso, mas eu gostaria de ter tido tempo para descobrir o que eu queria antes de entrar na faculdade, e não apenas escolher dentre as opções que me restaram depois de ter iniciado a minha graduação.
Quando eu era mais nova, tinha pressa de fazer tudo acontecer. Achava o máximo ser o mais jovem a realizar algo. Hoje eu percebo que triste é quando você não realiza, pouco importa a idade. Eu adoraria ter objetivos de vida definidos desde pequena, mas não é assim que eu sou. E a cada dia eu me permito ser um pouco mais gentil com as minhas diferenças, mesmo elas bagunçando um pouco a minha vida, pois elas são também o que me tornam única. Talvez minha vocação seja essa, a de ter dúvidas e expressar isso pra que outras pessoas percebam que não estão sós.